sábado, 26 de novembro de 2011

Zeilto Trajano de Sousa (Radialista), 16 de abril de 1944 a 25 de agosto de 1982

 
                                        ``O Homem dos sete instrumentos.``

            Zeilto Trajano nasceu em Pombal, e era filho do casal Otacílio de Sousa e Mª Nery Trajano (Nely, in memória), tendo como irmãos, Maria do Socorro, Zelita, Francisca Zita, Maria do Carmo e Otacílio Trajano (este milita no rádio nos dias atuais). Começou suas atividades em microfone desde os tempos áureos de Serviço de Alto Falantes, iniciando na Difusora Rádio Maringá de propriedade do Sr. Raimundo Lacerda (Conhecido por Raimundo Sacristão) no começo dos anos sessenta em Pombal.
Exerceu na sua labuta o típico garoto propaganda, quando dos memoráveis queimas de tecidos das Lojas Paulista, fazia o seu périplo em um carro de som pelas ruas da nossa cidade e aos sábados animava as feiras na porta da loja, conclamando os transeuntes a comprarem mais barato. Em um desses queimas de tecidos a locução de Zeilto provocou uma fila enorme de pessoas para as compras. Ele dizia assim: “Quem quer vem, quem não quer manda, não mande ninguém em seu lugar, venha você mesmo comprar!”
Em 1962 numa determinada ocasião, Clemildo Brunet de Sá (filho de seu Napoleão Brunet de Sá, proprietário da Mercearia e Padaria Vitória nesta cidade) teve a oportunidade de se aproximar de Zeilto (no tempo da Difusora de Raimundo Sacristão), chance  única e imperdível! Naquele dia Clemildo deu os primeiros passos na radiofonia pombalense, fazendo a vez do chamado, nos nossos dias, operadores de som ou sonoplasta.
Zeilto fez Programa de Calouros dentro do próprio Studio da Difusora de Raimundo Sacristão, onde havia grande ajuntamento de pessoas. Agora era de praxe no crepúsculo da tarde quando os raios de sol começavam a declinar, Zeilto pedir ao seu aprendiz sonoplasta, Clemildo Brunet para tocar sua música predileta: “Tu Précio” de Bienvenido Granda, e depois ia para a esquina, entre as ruas Cel. Francisco de Assis e João Pessoa, acendia o cigarro, curtia a melodia que saía do Projetor de som do Mercado Público, que grave e forte enchia os ouvidos de quem passava naquele espaço:

                           ``Tu précio
                           Pude haberlo pagado
                          Sin tener que entragar-te
                           El corazon
                       Tus ânsias
                        Pude haber saboreado
                       No sabia que eras
                      Romance de ocasion
                      Malvada
                      Mi alma has destroçado
                      El amor que te di
                    Por otro lo has cambiado
                   Tu précio
                  Pude haberlo pagado
                 Es   demasiado tarde
                  Mui caro lo has cobrado`

Aos 22 de abril de 1963, na presença do Cônego Francisco Ferreira de Andrade ( na igreja Matriz), e perante as testemunhas Janduhy e Josafá Gouveia Muniz, contraiu núpcias com Francisca de Lima Sousa(filha do casal Osmídio Calixto e Maria das Dores de Lima, nascendo dessa união quatro filhas, suas grandes paixões. Eram elas elegantes garotas por nome: Nadja Rejane, Alba, Kátia e Márcia.
Em 1966, veio o Serviço de Alto Falantes “A Voz da Cidade” de propriedade do jovem rapaz Clemildo Brunet de Sá, cuja emissora tinha acoplado em seu sistema radiofônico um transmissor de fabricação caseira em ondas curtas, na freqüência de três mil setecentos e vinte e dois kilociclos. E Zeilto veio fazer parte, comandando alguns programas musicais, destaque para “Almoço a Brasileira”, Jornalístico: “O Positivo e o Negativo” além do “Comentário do Dia”, e apresentava também o noticiário da Emissora. 
No ano de 1967, Zeilto foi para a cidade de Cajazeiras-PB, para trabalhar na Rádio Alto Piranhas, aonde pouco tempo depois veio a exercer as funções de Diretor daquela emissora por sua competência. Foi em Cajazeiras que Zeilto veio a projetar-se no rádio sertanejo, e conquistou audiência na região com os programas criados por ele: “Discoteca Dinamite” de cunho jornalístico, o mais polêmico da época; o DDD e DDI, que apresentava crônicas em parceria com o médico Júlio Maria Bandeira, chegando a causar “frisson” na Polícia Federal, que especulava o significado dessas letras. 
“Nosso Encontro com Nelson” aos domingos, até hoje permanece na grade de programação da Rádio Alto Piranhas. Este programa ao completar 15 anos, Zeilto teve a proeza de trazer Nelson Gonçalves a Cajazeiras, para um show no sábado a noite, e no domingo, o Cantor esteve no Programa para uma entrevista ao vivo com o  criador de “Nosso encontro com Nelson”.
Nos eventos que se registravam em Pombal, Zeilto trazia a Rádio Alto Piranhas. Diz Clemildo: “Ainda me lembro, como fui honrado por ele em uma transmissão da Rádio Alto Piranhas direto do Cine Lux na cobertura da Convenção Municipal do MDB. Na ocasião eu era o locutor do Partido e ele, depois de fazer a conexão com a emissora, virou-se pra mim e me entregando o microfone disse: Se vire, e foi embora do local. De outra feita numa visita que eu fiz a Rádio Alto Piranhas, Zeilto me deu uma Carteira funcional nomeando-me repórter correspondente da emissora em Pombal”. 
A Festa do Rosário tornou-se ainda mais conhecida na região. Todos os anos, Zeilto a acompanhava transmitindo através da Rádio Alto Piranhas a parte religiosa da Festa. Outro evento que a Alto Piranhas se fez presente por seu intermédio, foi a Grande Festa realizada no Pombal Ideal Clube, intitulada: “A Paraíba em uma Noite”.
Zeilto ainda fez cobertura para a Rádio Alto Piranhas por ocasião da Inauguração da BR 427 (Rodovia Federal), que liga a nossa cidade a Paulista, São Bento, sítio Empoeiras e com o estado do Rio Grande do Norte, quando da vinda a Pombal do Ministro dos Transportes de Então, Mário Andreazza. 

Zeilto era por demais conhecido pela sua habilidade nas artes, era músico e como tal, fundou sua própria Orquestra em Cajazeiras, chamada “CHAVERON”; e pela versatilidade que possuía formou mais duas orquestras: a Chavereque e a Oritimbó, isto no decorrer de três anos, animando os Carnavais e matinês dos Clubes de Cajazeiras. Por sinal tocou vários Carnavais na região e uma vez animou um Carnaval no Pombal Ideal Clube. Chegou a compor uma música de Carnaval com o título: “Maroaje”.
Amou tanto a terra de Padre Rolim, que criou dois Slogans para enaltecer Cajazeiras: Costumava dizer nos microfones da Rádio Alto Piranhas: “Minha Linda Cajazeiras” e em uma vinheta da emissora: “Rádio Alto Piranhas a única emissora em Cajazeiras que o Nordeste conhece”. Após dezoito anos na Rádio Alto Piranhas, foi levar a sua voz para João Pessoa, capital do estado, assumindo a direção comercial da Rádio Arapuã e despertava os pessoenses com o seu Programa: “Café da Manhã”.
Um dia, no cumprimento de sua missão, Zeilto trilhou a sua última caminhada no rádio, compareceu ao aeroporto – Castro Pinto em João Pessoa-PB, para fazer a cobertura jornalística da visita do Presidente da República de então, General João Batista de Figueiredo( do Regime Militar), que veio a Paraíba cumprir agenda de compromissos do Governo Federal para com o nosso Estado. Com brilhantismo fez o seu ultimo trabalho e ao finalizá-lo, de repente, se sentiu cansado, debruçou-se sobre a direção de seu carro e disse: “Está escurecendo”, foram suas últimas palavras. Ficou em coma, acometido de um aneurisma cerebral e após alguns dias, nos deixou, no centro de terapia intensiva(CTI), da casa de saúde São Vicente de Paula em João Pessoa. Seu sepultamento foi realizado no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Pombal com grande acompanhamento, principalmente de seus colegas de Profissão, tanto da Capital, quanto do interior. A Rádio Maringá, da qual Zeilto trajano, participou na inauguração fazendo a cobertura do evento,  transmitiu para uma rede de emissoras do Estado da Paraíba, a missa de corpo presente na Matriz do Bom Sucesso e acompanhou as homenagens no ``campo santo``, ocasião em que o Radialista e Jornalista Nonato Guedes seu discípulo, falou em nome dos colegas.
Zeilto cumpriu bem a sua missão sendo querido de todos os políticos que foram entrevistados por ele. Emudeceu sua voz que arrebatava ouvintes e empolgava multidões, ele era polêmico, vibrante, versátil, ativo e participante, em outras palavras, um polivalente e grande expoente da Comunicação sertaneja!
A Zeilto Trajano, o homem dos sete instrumentos, o nosso muito obrigado. Obrigado por aproveitar todos os seus dons recebidos e todas as oportunidades surgidas. De igual maneira concedestes aos que foram a sua procura e os presenteastes, permitindo que tivessem uma oportunidade de fazer comunicação. Que Deus o Nosso Senhor, te conceda a recompensa e também a tua paz.


                                                                                       Adaptação do texto de Clemildo Brunet de Sá, por Paulo Sérgio 

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Monsenhor Oriel Antônio Fernandes, 18 de novembro de 1911 a 17 maio de 1969


          Nasceu no sítio Quixaba, na vila de Belém, hoje Uiraúna, filho de Marcelino Josa Vieira (Major Salo) e Maria Emetina Fernandes das Chagas. Eram seus irmãos, José Marcelino(Zé de Salo), Ana Socorro (Orcina), Maria Inês(está morava com ele , quando estava em Pombal), e Francisca Emetina, todos in memória.
Foi batizado aos 25/11/1911, na Quixaba e o Oficiante: Cónego Bernardino Vieira e sua Ia Comunhão aos 20/12/1920, em Uiraúna-PB  o Oficiante: Cónego José Viana da Cunha.
Em Quixaba, suas primeiras letras foram ministradas pelos pais.  Depois continuou os estudos em Uiraúna-PB, sendo preceptor Mons. Constantino Vieira.  E Viajou para o Seminário da arquidiocese da Paraíbade, em  João Pessoa-PB, aos 29/01/1929, e entrou no seminário no dia 31/01/1929, onde fez os estudos ginasiais, filosóficos e teológicos. 

Quando seminarista, saía de Uiraúna-PB, a cavalo para apanhar o trem da Rede Viação Cearense(RVC), em São João do Rio do Peixe-PB ( nessa época a rede ferroviária, já destinada e montada em algumas cidades do sertão), com destino à cidade de Itabaiana, e posteriormente tomava outro trem de passageiros com destino a João Pessoa-PB.
Recebeu a batina das mãos do Monsenhor José Tibúrcio, Reitor do Seminário em 02/02/1929. E em 09/06/1935, recebeu a Tonsura – como oficiante: Dom Moisés
Coelho. Já aos 17/11/1935 recebeu as primeiras ordens menores das mãos de Dom Manuel Paiva, bispo de Garanhuns, uma vez que, Dom Moisés não podia ministrar por não ter recebido o Pálio Arquiepiscopal; a função que fora conferida a tonsura, era exigida havendo ordenações maiores.
Seguiu rigorosamente os passos para ser um fervoroso servo da igreja e do povo de Deus:

Em 27/11/1936, as últimas ordens menores - Oficiante: Dom Moisés Coelho;
Em 30/11/1937, ordenação de subdiaconato;
Em 06/03/1938, ordenação de Diaconato;

Em 20/11/1938, foi a sua ordenação Presbiteral na Catedral de Nossa Senhora das Neves.sendo oficiante Dom Moisés Coelho, Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba.
Celebrou a primeira missa solene em sua terra natal, no dia 08 /12 do mesmo ano, saindo em procissão da casa dos pais até a Igreja de Jesus, Maria e José.
Em 21/11/1938, na ordem 3a do Carmo, 1amissa;
Em 23/11/1938, 2amissa em Cajazeiras-PB;
Em 24/11 /193 8, 3a missa em Uiraúna-PB;
Em 25/11/1938, 4amissa em Quixaba-PB.
Padre Oriel era totalmente identificado com seu ministério, sem aspirar a nada neste mundo, senão ao Reino de Deus, para si e para os fiéis, aquém sempre instruía em seus sermões(pois era o único momento que o povo entendia da missa, eram todas em Latim, que mudou após o Concílio Vaticano: Deus está no meio do povo!), nunca buscou títulos, mas foi Cónego e Monsenhor, ainda jovem(títulos que a Igreja Católica Apostólica Romana, concede aos sacerdotes menores que muito si dedicam ao reino de Deus), nem tão pouco cargos, mas foi pároco inamovível/colado nas duas paróquias mais importantes da diocese, por onde passou). Não buscava riqueza, nem prestígio social, era destinador de boa parte das receitas e ofertas da paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso para o seminário e para a diocese de Cajazeiras, por tamanho zelo segundo Rosalina da Silva, a sacristã que trabalhou com ele até os seus instantes finais sobre esta terra, recebeu uma bandeira com as armas do vaticano enviada pelo bispo. Servidor e acolhedor dos pobres, dos matutos, com quem nutria profunda identidade afetiva (Por pedido do seu bispo, criou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombal, que segundo Antônio Santana, hoje com 93 anos de idade e mais de 30 destes na presidência, que passou, a aposentadoria só existiu por força destes sindicatos,bravamente deferndido pelo Côn. Oriel, naquele tempo eles até si escondiam da polícia para realizar suas reuniões).
Era devoto fervoroso de Nossa Senhora do Carmo, era ele mesmo membro da Ordem Terceira do Carmo, como o era também do Sagrado Coração de Jesus. Grande apóstolo da boa imprensa, sempre andava com a "famosa" mala, carregando bíblias ou textos evangélicos, catecismos, livros religiosos, terços, medalhas, santinhos (Como forma de fazer apostolado, e não visava lucro nisto). Era muito generoso no atender às pessoas, visitar os enfermos, administrar os sacramentos.
 Sua casa paroquial era sempre muito pobre, pobre também a sua mesa, e seu quarto de dormir. Enquanto sacerdote assumiu como:
Vigário do Uiraúna, substituindo o Cónego Anacleto por pouco tempo;
Vigário substituto em Patos por pouco tempo;
Vice Diretor do ginásio e professor de latim do 1 ° ano;
Cooperador da Catedral de Cajazeiras, exercendo o cargo de professor de Português no Ginásio Salesiano;
Vigário de São José de Piranhas de 29/06/1943 a 29/06/1945;
Vigário de Santa Luzia, por 2 meses;
Vigário de Catolé do Rocha (Em Catolé, ministrou aulas de Português e História do Brasil nos cursos normais da Escola Dona Francisca Mendes), no período de 08/12/1945 a 30/03/1947;
No período de 06/04/1947 a 09/02/1957, ocupou sucessivamente os cargos de Cooperador e Vigário inamovível da Paróquia de Sousa (Foi professor de Português da Escola Rural, além de outros feitos como criação de Capelas, melhoramentos, e construção na Igreja Matriz naquela cidade); Chegou ao máximo quando, para atender à exigência de um colega, renunciou e deixou nas mãos do Bispo, imediatamente, o cargo de pároco colado da paróquia de Sousa (que ele amava muitíssimo), para que o Bispo assim resolvesse o caso do dito sacerdote.
Em recompensa aos 17/02/1957, foi designado e nomeado Pároco inamovível da Paróquia de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal (Exerceu as funções de professor do Ginásio Diocesano, Professor de Religião e Capelão da Escola Normal Josué Bezerra. No Hospital Sinhá Carneiro, exerceu função importante, era diretor, pois nessa época o hospital que pertence a nossa paróquia era administrado por irmãs religiosas, e o vigário sempre representava este cargo);
Construiu a Escola Paroquial São Vicente de Paulo(hoje Centro de Formação da Comunidade Católica Remidos no Senhor), e algumas Capelas entre outros benefícios foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais em Pombal e Lagoa no dia 22 de setembro de 1963, citado anteriormente.
Célebre foi a sua fuga, no dia que completou vinte e cinco anos de ordenação sacerdotal, quando foi esconder-se em um sítio, para escapar da homenagem que o clero (o de Patos, com o Bispo) estava para lhe prestar, reunidos em Pombal. Então os Monsenhores Vicente de Freitas e Abdon Pereira passaram a noite vagando a sua procura até localizá-lo e trazê-lo de volta a Pombal, para a missa solene e o banquete, conforme determinara Dom Zacarias.
Sempre foi obedientíssimo e desapegado dos bens materias. Como bom amigo que sempre foi, guardava no peito uma preocupação, pois a igreja havia liberado quanto ao uso da batina, e com ele morava o Cônego Luiz Gualberto, que foi um dos primeiro a deixar tal identificação(antigamente era uma surpresa para as crianças quando viam as pernas das calças dos padres, devido ao fato de eles estarem sempre vestidos de preto, daí quando isso ocorria sempre si ouvia: -`` O padre é homem mesmo, eu vi as pernas das calças dele mamãe!``), e também pelo fato do Amigo está passando por um processo de questionamento em  sua vocação, chegando a assumir um compromisso com uma jovem desta cidade filha de um antigo comerciante na data(este fato é comum na boca dos mais antigos de nossa Pombal), mas Dulce me revelou nestes termos: -`` Con. Oriel conversou com ele e disse que o havia criado e posto no seminário, isso Côn, Luiz  devia  a ele. Estava fazendo um pedido especial, que ele abandonasse aquela decisão e reassumisse sua profissão com Deus e com a igreja! Ele não pensou duas vezes, desfez o romance e foi embora de Pombal (há boatos de que aquela Jovem, que hoje mora na Capital não guardava simpatias pelo religioso, pelo fato de ter influenciado no seu compromisso, mas o tempo age sobre tudo e para todos, refez a sua vida), terminou Cônego Gualberto, seus dias como um servo fiel, afinal todos estamos sujeitos as quedas, religiosamente falando.
Soubemos que Oriel era apaixonado pelas cornetas da matriz, que tinha um sonho de comprar um jipe e conseguiu um na cor azul, depois da aquisição saía buzinando para chamar a atenção dos populares, há quem diga que era porque ele não sabia dirigir direito! Ele também si dava muito com as crianças e quando podia sempre batia uma bolinha no terreiro da casa paroquial vestido de batina, é claro. No muro da casa havia um velho carrossel que servia para as crianças da catequese, da Pia união das filhas de Maria, Apostolado da Oração mirim, e os membros da cruzada eucarística brincarem, pois não viviam apenas de orações.
``Agora pelo fato dele ser de idade mediana, poucas pessoas da elite da cidade buscavam aproximação com o pároco, sempre o respeitava, mas tudo restrito e sua vida simples assim o foi em todas as dimensões até nos banquetes em sua casa, pois poucos vinham ofertar, como vê-se hoje nas localidades a fora, mas nunca reclamou``, disse dona Nini.
As coisas acontencem e nunca acontecem como nós planejamos ou esperamos totalmente, pois  Congoriel, como era mais conhecido, adquiriu uma enfermidade e teve de ir a Natal-RN, e segundo Dulce, enfermeira e amiga particular, foi ele apenas com uma malinha simples de madeira, fabricada por seu Inácio(vendedor de malas, fogos de artifício e caixões na cidade de Pombal), quando voltou de sua suposta operação ele sempre ia as 4hs30Min para tomar escondido doses de buscopan, pois naquela época não havia um tratamento exato para o câncer, e hoje ainda não é eficaz totalmente), para amenizar suas dores. Certo dia Maricô indagou de Dulce : -``O que é que padre Oriel vai fazer em sua casa toda madrugadinha?``   Ela respondeu: -`` Vai rezar debaixo de um pé de côco que tem lá em casa!`` Ela não podia dizer, pois era uma preocupação do padre, ele era louco pela irmã e a tratava como uma criança. No entanto para não contrariar sua irmã(e pelo fato dela possivelmente ter medo da doença, o que de fato aconteceu, e em sua morte não aceitou que fosse velado na casa paróquial, além de queimar todos os seus objetos pessoais no muro da mesma), como também nunca soube ela, do desgosto que o causou, ao casar-se com uma pessoa não aprovada por ele.
Mons. Oriel nunca abandonou a fé e demonstrou uma lição de simplicidade religiosa, pois escolheu por confidente o seu amigo o Reverendo Jonas(in memória), amigo particular, era ele que sempre o aconselhava, também os padres que aqui moravam, como o Pe. Andrade(in memória). Nos dias finais o reverendo o visitou e perguntou:  -``Como vai a fé Oriel?  Daí ele sereno, respondeu: -``Legal!``          
Estava no Hospital e Maternidade Sinhá Carneiro quando nos deixou e foi sepultado na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso em Pombal-PB (Em vida, externou o desejo de ser Sepultado aqui nesta cidade onde exerceu seu ministério sacerdotal nos últimos 12 anos de vida),  sua decisão foi acatada pela família.
Ainda nos dias atuais, Monsenhor Oriel, é tratado como um santo, dezenas de  velas são acesas pelas pessoas todos os dias na sua lápide. Não conto as inumeras promessas alcançadas pelos fiéis antigos, e aquelas replicas de membros humanos ( em madeira, cimento ou gesso), depositados ao lado da sua pedra(estes objetos foram perdidos nas duas grandes reformas de 2002 e 2009, que passou a igreja), claro que os novos e jovéns fiéis da nova matriz talvez por não darem ouvidos aos conselhos e relatos dos mais velhos desconhecem tais acontecimentos vivenciados por cada um deles, mas há ainda quem o considere servo fiel e intercessor junto a Nosso Senhor Jesus Cristo!
A esse respeito Rosalina comentou: -`` Vivemos um tempo muito difícil de secas, os bichos estavam morrendo, as plantas. Um dia Padre Oriel organizou uma caminhada penitencial, saímos da matriz para o bar centenário com a cruz na dianteira. Quando chegamos lá, ele vestido de batina preta e roquete branco(só andava assim nas missões), se ajoelhou e proferiu uma oração tão profunda e bonita, que ficou vermelho, no céu não tinha uma nuvem! Daí a pouco uma nuvem carregada apareceu e começou a chover forte, eu sei que corri para casa com medo e deixei ele lá com os outros que não me imitaram!
 Ainda não há relatos de qualquer mobilização da parte da Igreja local, ou da parte da família sobre um pedido formal de estudo detalhado sobre os milagres alcançados para o seu processo de canonização.
Ao Monsenhor, ou ao Công`Oriel, o nosso muito obrigado, tudo isso pelos serviços prestados a esta comunidade de Pombal, pela dedicação especial a Festa de Nossa Senhora do  Rosário, e pelo exemplo de fé em Deus o nosso Criador, demonstrado aos seus, como deve ser feita uma entrega completa a Deus. Que Ele te conceda o repouso, a recompensa e também a sua paz.
                      Texto Pe. Gervázio, Maria de Lourdes P. de Almeida Araújo, Maria do Socorro Martins e contribuições de Paulo Sérgio

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Francisca Maria de Queiroga,16 de fevereiro de 1922 a 24 de fevereiro de 2008

          Nena Queiroga, era natural da cidade de Pombal- PB, nasceu da união de João Ferreira de Queiroga(Prefeito nomeado nesta cidade de 1916 a 1919), e dona Maria Querubina de Queiroga (Neca), tinha por irmãos o Dr. Queiroga, Neves, Joquinha, considerado um verdadeiro catálogo humano das genelogias pombalenses. Epitácio da farmácia (um excelente doutor na sua época, pois sempre produzia os medicamentos certos para as diversas enfermidades do povo, sem ter ao menos cursado medicina ou farmácia), Zé Pretinho(este apaixonado por futebol tornou-se presidente de um time pombalense, do qual não me recordo o nome agora, e certa feita levou o time para jogar em Patos-PB. No final da partida, foi entrevistado, aí correram para escutar a gravação da sua entrevista, buscando um rádio nas casas próximo de onde caminhão que havia fretado estava estacionado, o sinal era ruim mais escutaram tudo! Depois vieram todos em cima do citado caminhão, fretado pelo presidente por custas próprias, pois o time não dispunha de recursos próprios, mas pouca gente sabe deste episódio), Belino(Proprietário da casa grande que era erguida na entrada da cidade,sentido Patos-Pombal, onde foram filmadas as cenas do primeiro longa metragem em 36mm de Pombal, O Salário da Morte de autoria de José Bezerra Filho e participação de W. Solha), Ritinha , esposa do Dr. Nelson Nóbrega, e Pedro Queiroga, um ex-combatente que prestigiou a pátria brasileira, em campos italianos na Segunda Guerra Mundial (Ao regressar da Itália, foi um banho de mar e um amigo estava se afogando, pulou na água e o salvou trazendo de volta a praia, mas devido o esforço físico, sofreu um enfarto fulminante nas areias da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro,RJ, na época Capital Federal do Brasil.
A formação educacional de Nena seguiu os mesmos padrões daquela época, com aulas particulares nas residências, certamente estudando com a saudosa professora Anita de Donária, além da sua iniciação e formação cristã, na Matriz do Bom Sucesso, onde Anita era Catequista. Tudo isso ocorria por não haver ainda escolas no município, pois o primeiro grupo escolar o Colégio João da Mata, fora construído por volta de 1932, com verbas Federais, na administração de Jandhuy Carneiro, em  período das secas.  Cursou o técnico em contabilidade, mas não assumiu, e fez diversos mine cursos com duração de três dias, um destes ministrado em Pombal-PB, pela Faculdade de Filosofia Nossa Senhora Medianeira, Faculdades Anchieta- São Paulo, em 29 março de 1976.
Em 1945, mais ou menos Nena assumiu os destinos do Primeiro Cartório de Notas e Registros de Imóveis, ainda de responsabilidade da família Queiroga, sob o nome de Cel. João Queiroga, seu pai, que falecera, nesta data. Este cartório é o primeiro da cidade, bem como a Farmácia Queiroga, onde seu pai era o homeopata de plantão. Quanto ao primeiro, datam os seus registros de 1713, possuindo o contrato de Construção da Antiga Matriz de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal em 04 de fevereiro de 1718, hoje Igreja de Nossa Senhora do Rosário, desde o ano de 1897, com a inauguração da Igreja Nova, pelo Mons. Valeriano Pereira.
Dona Nena, usava de suas funções no cartório para auxiliar as pessoas mais carentes, não era arrogante, pois soube que dedicava atenção igual para todos que a procuravam naquele estabelecimento, para as mais variadas necessidades. Era uma mulher religiosa e talvez por este motivo destinasse tanta atenção aos menos favorecidos, e a matriz da qual fazia parte e tinha prazer em ajudar. Tanto era verdade, que inúmeras vezes no dia de Corpo de Deus(Corpus Christi, um dos maiores ritos da Igreja Católica), o Padre Sólon mandava avisar que uma das três bênçãos seria em frente de sua casa na Cel . José Fernandes, 515. Sua residência estava aberta tanto para o simples agricultor, quanto a Celso Furtado, o conceituado economista nascido em Pombal na antiga Rua do Rio no ano de 1920 e foi embora acompanhando seu pai que era funcionário publico federal e pisou por aqui uns 40 anos depois deste fato, recepcionado por diversas autoridades locais, inclusive Nena,  ele viveu até 20 de novembro de 2004 no Rio de Janeiro-RJ,
Nena Queiroga não casou, mas aproveitou esta condição para conhecer o mundo,  e foram registradas 75 viagens no total, repetindo 25 paises apenas a exemplo da Rússia. Conheceu Portugal, França, Alemanha, Jerusalém(a Terra Santa), Espanha, Itália e estava de viagem marcada para o Japão, quando adoeceu, ficando impossibilitada de realizar sua excursão. O interessante segundo Elias seus sobrinho, é que todas as vezes que regressava de viajem, ela era convidada por Joana Ivonildes Bandeira(in memória), para falar aos seus alunos da escola Normal Josué Bezerra, e futuramente o faria em outras instituições de ensino local, como era o exterior, que em detalhes descrevia tudo. Em suas palestras sempre fazia um momento de incentivo para os alunos, que acreditassem em si mesmos e tudo seria possível para elas, não importando a sua condição atual, pois tudo pode mudar desde que queiramos e saiamos a sua procura!
A Francisca Maria (Nena Queiroga), o meu muito obrigado! Obrigado pelos serviços prestados como escrivã a esta cidade de Pombal e a sua gente tão simples e acolhedora, por ter sido sócia fundadora do Maringá Campestre Clube de Pombal, visando um espaço para o lazer dos filhos desta terra, e  pelos incentivos valiosos proferidos a aqueles que apenas estavam iniciando a sua jornada nesta vida, principalmente os de condições humildes, para vencerem a partir dos seus esforços, construindo no ser, um desejo por lutar e vencer apesar das dificuldades, que Deus te dê a sua recompensa e também conceda a  paz.                                                                                                    
                                           Texto, Paulo Sérgio